Total de visualizações de página

sábado, 31 de julho de 2010

Antropologia da Biomedicina

A Grande Divisão colocou a biomedicina como “fora do jogo”, porquanto dada objetivamente, convencionada como objetiva e produtora de verdades. Uma das tarefas mais interessantes na área de saúde seria, então, etnografar a biomedicina, direcionar as investigações para as convenções que a instituem como discurso de verdades, indagando sobre as políticas de elaboração dos “fatos científicos”. Podemos pensar a biomedicina como um conjunto de performances e, quem sabe, se nos dedicarmos a verificar as performances da construção científica talvez possamos lembrar que a biomedicina – bem como o conceito médico de doença – mal completa dois séculos de história. As tarefas podem ser tanto assinalar outras formas de concepção de saúde e doença, quanto interrogar o próprio fazer biomédico – que se torna, então, algo etnografável. A questão não é apenas inserir a biomedicina no campo das investigações, o “desafio maior”, para citar Viveiros de Castro e Goldman (2008, p. 215), “é tratar os nossos conceitos com a mesma dureza que tratamos os conceitos dos outros – e com ajuda dos conceitos dos outros”. Esta disciplina vai se aproximar dessas questões. Esta Disciplina pretende criar uma espaço de indagações e questionamentos sobre o campo de idéias e ações da biomedicina.

Bibliografia

Bastos, Cristiana. (1999). Global responses to aids: science in emergency. Bloomington: Indiana University Press.

Biehl, J. (2004). "Ciência, tecnologia e saúde mental". In: Leibing, Annette (Ed.). Tecnologias do corpo. Uma antropologia das medicinas no Brasil. Rio de Janeiro, Nau Editora.

_______. (2007). Will to live: Aids therapies and politics of survival. Princeton: Princeton University Press.

Bourdieu, P. (1983). "O campo científico". Bourdieu. São Paulo: Ática.

Camargo Jr., K. R. (1994a) As ciências da Aids & a Aids das ciências: O discurso Médico e a Construção da Aids. Rio de Janeiro: Relume Dumará/ABIA.

_______. (1994b) "Aids e a Aids das ciências". In: História, Ciências, Saúde – Manguinhos, v. 1, n. 1, p.35-60.

CAMARGO JR.,K.R. Biomedicina. PHYSIS: Rev. Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, 15(Suplemento):177- 201, 2005

CAMARGO JR.,K.R. Racionalidades médicas: a Medicina Ocidental Contemporânea. Rio de Janeiro, UERJ/IMS (Série Estudos em Saúde Coletiva, n° 65), 1993. 32 p.

Epstein, S. (1996). Impure science: Aids, activism, and the politics of knowledge. Berkeley: University of California Press.

Farmer, Paul. (1993) Aids and accusation: Haiti and the geography of blame. Berkeley: University of California Press.

__________. (1999). Infections and inequalities: The Modern Plagues. Berkeley: University of California Press.

__________. (2005). Pathologies of power: Health, Human Rights, and the New War on the poor. Berkeley: University of California Press.

Fassin, D. (2006) Quand les corps se souviennent: Expériences et politiques du sida en Afrique du Sud. Paris, Éditions La Découverte.

Fleck, Ludwik, 1991 (1979), Genesis and Development of a Scientific Fact, Chicago & Londres, The University of Chicago Press (pp.20-51).

Franklin, Sarah, 1995, “Science as Culture, Cultures of Science”, Annual Review of Anthropology, 24, pp.163-84.

Gonzalez, Roberto J., Laura Nader, e C. Jay Ou, 1995, “Between Two Poles: Bronislaw Malinowski, Ludwik Fleck, and the Anthropology of Science”, Current Anthropology, 36, 5, pp.866-869.

Good, Byron J., 1995 (1994), Medicine, Rationality, and Experience: an anthropological perspective, Cambridge, Cambridge University Press (pp.1-24 e pp.65-87).

Latour, B. (1997). Jamais fomos modernos: ensaio de antropologia simétrica. Rio de Janeiro: Editora 34.

__________. (2000). Ciência em ação: como seguir cientistas e engenheiros sociedade afora. São Paulo: UNESP.

__________. (2002). "Si l’on parlait un peu politique?". In: Politix. V. 15, n. 58, p. 143-165.

__________. (2004). "How to talk about the body? the normative dimension of Science Studies". In: Body & Society, v 10, n 2-3, p. 205-229.

Latour, B.; Woolgar, S. (1997). A vida de laboratório: a produção dos fatos científicos. Rio de Janeiro: Relume Dumará.

Haraway, Donna J., 1991, Simians, Cyborgs, and Women: the reinvention of nature, Londres, Free Association Books Ltd (pp.149-181).

Lambert, Helen, 1996, “Medical Anthropology”, in Barnard, Allan & Jonathan Spencer (ed.), Encyclopedia of Social and Cultural Anthropology, Londres e Nova Iorque, Routledge, pp.358-61.

Persson, A. (2004). "Incorporating pharmakon: HIV, medicine, and body shape change". In: Body and Society, v.10, n4, p. 45-67.

Petryna, A. (2002). Life exposed: Biological citizens after Chernobyl. Princeton: Princeton University Press.

Pereira, Pedro Paulo Gomes. 2010. "DE CORPOS E TRAVESSIAS: a grande divisão e o campo da saúde" The Selected Works of Pedro Paulo Gomes Pereira
Available at: http://works.bepress.com/pedropaulopereira/5

Pereira, Pedro Paulo Gomes. 2010. "NAS REDES DE UMA CONTROVÉRSIA: disputas, convenções e traduções no contexto da epidemia de aids" The Selected Works of Pedro Paulo Gomes Pereira
Available at: http://works.bepress.com/pedropaulopereira/6

Queiroz MS. O paradigma mecanicista da Medicina Ocidental Moderna: uma perspectiva antropológica. Rev Saúde Públ., SP, 20(4): 309-17, 1986.

Rabinow, P. (1996). "Artificiality and Enlightenment: From sociobiology to biosociality". Essays on the anthropology of reason. Princeton, Princeton University Press.

Rabinow, P; Rose, N. (2006). "Thoughts on the concept of biopower today". In: BioSocieties, v.1 n. 2, p.197-217.

Sáez, Oscar Calavia. (2009). "Por uma antropologia minimalista".Antropologia em primeira mão. v. 112. Programa de Pós-graduação em Antropologia Social, Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis.

Sloterdijk, Peter, 2007, Regras para o Parque Humano, Coimbra, Angelus Novus.

Tambiah, Stanley Jeyarara. (1995). Magic, Science and the scope of rationality. Harvard, Cambridge University Press.

Treichler, P. A. (2006). How to have theory in an epidemic: Cultural chronicles of Aids. Durham and London, Duke University Press.

Viveiros de Castro, E. (2002a). "Perspectivismo e multinaturalismo na América Indígena". A Inconstância da Alma Selvagem. São Paulo, Cosac & Naify.

__________. (2002b). "O nativo relativo". In: Mana. Estudos de Antropologia Social, v. 8, n.1, p. 113-148.

__________. (2009). Metaphysiques Cannibales. Presses Universitaires de France.

Zea, Evelyn Schuler. (2008). "Genitivo da Tradução". In: Bol. Mus. Para. Emílio Goeldi. Ciências Humanas, Belém, v. 3, n. 1, p. 65-77.

Wagner, R. (1981). The Invention of Culture. Chicago: The University of Chicago Press.


Esta é o primeira versão da bibliografia da Disciplina. Sem ainda ser incorporadas contribuições importantes. A idéia é adicioná-las no decorrer dos trabalhos, durante este semestre.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.